* Texto originalmente publicado no site da Comic House. http://blig.ig.com.br/comichouse/category/sem-categoria/page/6/
Eu, adolescente e esquisita, como todo nerd, não gostava das frivolidades cotidianas femininas (unha, cabelo, novela…) e até hoje me preocupo muito pouco (e novela, eu não gosto mesmo!). Quando criança lia Homem-Aranha, X-Men, Vingadores; mas na adolescência, aos 13 anos, quando lia outros heróis com GEN 13, conheci Jaime e me apaixonei.
Ai, o amor… Passei a desprezar os outros ex-amores e não queria nem lembrar que eles existiram.
Ai, o amor… Passei a desprezar os outros ex-amores e não queria nem lembrar que eles existiram.
Tudo começou quando uma grande amiga minha, Jaciane, apresentou-me a ele. Em um belo encadernado, um formato especial e incomum da Editora Record (muito maior e mais bonito do que os então conhecidos formatinho e americano). O folheei de maneira respeitosa para não causar má impressão e conheci a belíssima arte de Jaime Hernandez na edição de nº 02 de Love and Rockets. Meus olhos deslizavam lento por entre os quadros para perceber bem sua hachura que, para mim, é requintada como a de Gustav Doré. Diferente, pois são estilos e linguagens distintas; e na ausência da hachura, vi o branco límpido em contraste com as outras formas firmes da sua composição ricamente expressiva. Onde todos os seus personagens são esteticamente diferentes para expressar e percebermos bem o psicológico de cada um; ao contrário de outros cujos corpos são moldes vazados repetidos onde só é diferente o corte de cabelo e a cor da roupa (e às vezes, nem isso).
Se o meu amor é cego, ótimo! Pois não perderá tempo, e não magoará o ser amado olhando o rebolado das outras, o decote das outras, a vulgaridade alheia; não será contaminado com o modismo temporal que sempre há nas artes, na sociedade. Eu olho para os outros com muito respeito, leio, os admiro pelas diversidade e variações da mesma arte; mas não traio, minto ou engano meu amor. Qual o porquê desse amor todo? É simples: sua riqueza nos detalhes aparentemente pequenos é a grandiosidade da sua arte. Linhas leves, formas firmes, e contrastes bruscos como uma arte barroca. Sempre releio a única edição que tenho dessa época, Locas 2, para aprender mais sobre desenho; que hoje não está mais solitária porque eu adquiri Whoa, Nellie! recentemente lançada pela Editora Zarabatana, onde sua arte está mais limpa, polida mas não menos rica. Perdoem-me os outros, mas para mim Jaime Hernandez é o melhor desenhista de histórias em quadrinhos do mundo.
Quem puder ler Mulheres Perdidas totalmente escrita e desenhada por ele saberá o que digo; sem coletes, decotes extravagante, poses de contorcionistas, fisioculturismo e outras bizarrices paranormais, como morrer e renascer umas vinte vezes. E com um detalhe: a arte de Jaime não possui o colorido chocante, berrante e computadorizado que, em alguns casos, é usado para prender a visão. Porque sua arte é um clássico e elegante, em preto e branco.
Um comentário:
Diz doida! Faz tempo que não converso contigo! Como vai a vida?
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