terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Li e recomendo:

Taxi.

Um compacto LP de 32 rotações por minuto para ser lido. O autor desta leitura musical é Gustavo Duarte.
             
      Um vinil compacto tem: velocidade de 33 1/2 RPM ou reduzia para 32 RPM. Duração média de 11:00 minutos, foi criado para os primeiros filmes sonoros, possui aproximadamente 5 polegadas de diâmetro record,  cabe o áudio inteiro de um filme curtametragem como os de antigamente ou apenas uma música.

               Com uma formatação semelhante ao pequeno vinil, muito criativa e inusitada, Taxi traz a uma história que pode ser lida no mesmo tempo; possui aproximadamente o mesmo tamanho; com exatas 32 páginas. Em preto e branco como os clássico filmes da década de 1940. Eu diria que a história é como uma música de jazz.

              Taxi  narra apenas com imagens num tom muito agradável como Barcarolle tocada por Nat "King" Cole , a história de um jazzista que está no Bar São Cristóvão a conversar  com Dr. Lonnie Smith. Antes que se atrase para sua apresentação, ele se despede e pega um taxi. Chegando ao local da apresentação, ele, antes de adentra ao recito, encontra com grandes músicos do jazz . Porém ele lembra-se que esqueceu o case do seu instrumento no Bar São Cristóvão. Pega outro taxi para buscar sua "ferramenta de trabalho". E assim começa a aventura surreal de Taxi. E seu ritmo muda para um be bop à la Giant Steps de John Coltrane!  
               Neste quadrinho, Gustavo Duarte faz uma homenagem aos seus jazzistas favoritos. Ele une duas de suas paixões: a música jazz e desenhos ; lemos este conto num ritmo gostoso com o jazz. Seu traço é suave e preciso; firme e limpo. Lembra-me o estilo Art Nouveau.

               Gustavo Duarte é cartunista, ilustrador e quadrinhista. Atualmente faz as charges do jornal Lance! Formou-se em Design Gráfico pela Unesp; começou sua carreira de cartunista publicando sua arte no Diário de Bauru. Com a revista CÓ! (2009) conquistou os troféus das categorias Publicação Independente Edição Única e  Desenhista Revelação durante a 22ª edição do Troféu HQMix, considerado o principal prêmio da HQ brasileira.

                
Taxi segue a mesma proposta do primeiro quadrinho de Gustavo: ser TOTALMENTE independente! Com roteiro, desenho, direção de arte, edição e distribuição desenvolvidos pelo próprio. Lançada na sua world tour iniciada nos Estados Unidos, durante o New York Comic Com, passou por Bauru (SP), Londrina (PR), Rio de Janeiro (RJ) e esteve por aqui, em João Pessoa (PB); lá na Comic House onde adquiri o meu lindamente autografado!!! 


               Ficou du caralho! Ele autografou em velozes 1 minuto e 40 segundos cronometrados por Manassés ( bem be bop! )

Embarque nesse Taxi e viaje ao som dessa leitura.

Fontes de pesquisa:

 ( este site é tecnicamente intenso!)


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

No escritório...



               O que pode ser mais perigoso para uma única mulher indefesa num escritório com vários homens?
               Vários homens indefesos num escritório com uma única mulher!


               No escritório... é uma série criada por mim que relata fatos cômicos do cotidiano de um escritório onde só há uma única mulher. Eu, para ser mais exata, sou a única fêmea de uma empresa que só tem machos. Machos no sentido literal da palavra. Chamo-os carinhosamente de florzinhas, pois sei que da rosa eles são os espinhos de tão indelicados. Mesmo assim os amo de coração pois eles são a inspiração para registrar o inusitado do cotidiano. E ser a única mulher de um escritório traz muitas regalias, faz com que eles tenham respeito redobrado com o único exemplar da espécie, e permaneçam pelo menos a 01 metro de distância sem sequer apertar a mão por várias questões sociais.

               Inicialmente, havia criado esta série para ser episódios de animação. O tempo tornou-se curto e animação é um processo complexo. Mudei de linguagem para materializar minhas idéias. Tenho em mente roteiro para 20 relatos presenciados por mim nos quase três anos em que convivo com estes meninos do meu coração.

               Divirtam-se com as atrapalhações da única fêmea deste bando!

domingo, 21 de novembro de 2010

Li e recomendo:

Cachalote.

Obra publicada pela Quadrinhos na Cia,  selo criado pela Companhia das Letras para publicação de histórias em quadrinhos.

Criação de Daniel Galera e Rafael Coutinho. 

É uma bela e generosa edição com 280 páginas, medindo 27x21 centímetros. Espero poder ler mais quadrinhos nacionais em formato semelhante.

O nome do título é interessnate e intrigante.  Cachalote? A primeira vista, você não entende o porquê. Lendo descobri a alusão feita pelos autores da espécie baleia cachalote com  a espécie humana.  
Cachalotes machos nadam só e  às vezes  em pequenos bandos e unem-se apenas para acasalar. Cachalotes fêmeas nadam em bando e com seus filhotes; os filhotes machos a partir de determinada idade partem para nadar solitários e os filhotes fêmeas permanecem nadando juntas com suas mães.
Todos os homens da história têm esse comportamento. E as mulheres também.

Há mais semelhanças do que apenas serem mamíferos.

Cachalote narra seis (06) histórias:

Um escritor solitário e  deprimido que está unido à ex-mulher pelo o que os separou: a filha.
Um escultor que na solidão encara a si mesmo. Sua dura realidade e seus fantasmas.
Um astro do cinema chinês que vive tentando fugir da sua solidão.
Um casal de jovens que estão se separando por aquilo que os uniu.
Um playboy expulso de casa que descobriu que o dinheiro não compra felicidade e acaba só como e com uma cachalote encalhado na praia.
Uma senhora de idade avançada, grávida. Cumprindo o ciclo de vida de uma cachalote fêmea.

O que achei mais genial foi a forma como a narrativa das histórias foi organizada. Parafraseando a dedicatória escrita por Daniel Galera na minha Cachalote: "(...)  histórias sem comerço e sem fim", que foram dispostas de maneira não-linear em 3 (três) blocos tornou-a inusitada e foi uma surpreendente leitura. Estar lendo uma história e de maneira abrupta  ser interrompido e  ingressando imediatamente em outra, foi ousado. Porque poderia deixar o leitor confuso; porém , pra mim, a "organização" da aleatoriedade dos recortes momentâneos de cada história deixou-me concentrada ainda mais na leitura para saber o que de novo aconteceria ao virar a página.

 
Particularmente, gostei do traço de Rafael Coutinho; é despido de apelos estéticos. Ora limpo e simples, ora ricamente decorado, seguindo a necesidade visual de cada momento da história. E em determinados quadros - como na página inteira que exibe um grande quadro do personagem Ricardo olhando para trás após despedir-se do seu amigo Dante e sua namorada - seu desenho mostra-se das duas formas amalgamadas. Outro detalhe interessante é a nítida  diferença de uma história para a outra;  sendo Rafael o único desenhista em toda a edição, cuja semelhança estética das figuras sejam esperadas e a publicação estar em preto e branco, é perceptível ao olho o sair e entrar nas diferentes histórias. 

Cachalote é uma história em quadrinhos brasileira de excelente qualidade. 

Li e recomendo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Minha Homenagem: Fire

              Saindo um pouco da teoria das cores, e mudando completamente de assunto, nas últimas semanas decidi fazer um desenho para "desanuviar" a cabeça (e exercitar um pouco a arte de desenhar)
              Parei, pensei: quem ou o que eu irei desenhar?
             Após rever alguns heróis de histórias em quadrinhos clássicos, vi na "entrelinha" das imagens uma personagem que não notara antes. Fiz uma breve busca no google (bááááásico) e consegui mais informações sobre aquela personagem.

              Seu nome, Fire da Liga da Justiça internacional. 

             As imagens pareceu-me recentes; mas ao aprofundar minha busca, descobri que é uma personagem de longa data!
 Super Friends #25 - out. 1979.Arte: Frandon Ramona

            Originalmente chamada de Fúria Verde, foi criada pelo escritor Edward Nelson Bridwell e pela desenhista Ramona Fradon em 1979; sua primeira aparição foi na edição Super Friends #25 em outubro daquele ano. Originalmente possuia poderes místicos de controlar a respiração, através dela lançava uma chama verde, permitindo que ela podesse voar e pousar como um foguete! 
            Seu nome, fora das atividades de super-heroína, é Beatriz da Costa e era presidente da filial brasileira da empresa Wayne Enterprises  (resumindo: ela trabalhava para o Batman e foi treinada por ele). 
           Posteriormente, tornou-se membro dos Guardiões Globais na luta contra o mal.
          Como a maioria dos heróis da DC Comics, após a famosa saga Crise nas Infinitas Terras, ela foi repaginada, passou a chamar-se Beatriz Bonilla da Costa,  sua profissão era de  modelo e passou a trabalhar para o serviço secreto de espionagem brasleiro. Seu codinome mudou também, passando a chamar-se Green Flame. Essa transformação apareceu na série de histórias das Origens Secretas (1986-1990).
               Os tons verdes de seu uniforme permaneceram; mas seu visual mudou completamente e muitas vezes durante as décadas de 1980 e 1990.

Evolução esttética da personagem em 30 anos de publicação da DC Comics.
    
             Com a medida que as edições foram publicadas, ela passou a chamar-se apenas Fire; e seus poderes resumiram-se a chama verde e poder voa. Ao invocar seus poderes, todo o seu visual se modificava  tornando uma imensa flama verde e lançava chamas com gestos manuais semelhante ao Tocha Humana do Quarteto Fantástico da Marvel Comics.

Justice League: Lost Generation #3
           Pensei comigo mesma: é uma personagem interesante e pouco explorada pelos artistas. ( isso eu também constatei pela difícil e excassa pesquisa no google). E decidi: vou criar minha versão para ela!
             Observei as suas várias versões, enquanto lia e pesquisava sobre sua história. Encontrei outra versão, esteticamente mais aceitável da personagem, e mais coerente com a realidade.  Foi a versão criada por Bruce Timm para  o desenho animado Liga da Justiça Sem Limites. Série esta que exibem as aventuras da Liga da Justiça Internacional dos quadrinhos da DC Comics. E em alguns de seus episódios ela faz suas aparições. Em particular nos três episódios da animação cujo título é I am Legion, ela está entre os personagem desta história da Liga.



                Após os estudos preparatório, com lápis e papel na mão, pus-me a desenhar! 

               Minha versão mistura a da animação de Bruce Timm com a estética dos quadrinhos  dos anos 80. Até hoje, seu estilo recorda essa época , muito querida para mim, pois relembro de minha infância , o amor pelos desenhos, os quadrihos, que trago comigo até hoje.
               Usei tinta acrílica verde viesse da Acrilex para fazer as linhas gerais de seu contorno que é bem escuro, quase preto quando pouco diluida. E eu colori a imagem com aquarela Pentel. Criei uma paleta com 8 (oito) tons de verde. 
               Apliquei na pintura do seu corpo tons mais secos semelhante aos que Adi Granov usou para colorir a Mulher Hulk; para colorir suas chamas usei tons de verde mais abertos , criando efeitos  brilhosos.


Fontes de Pesquisa:


               

sábado, 14 de agosto de 2010

Misturas e Círculos Cromáticos - parte II

Existe uma enorme variações de tons derivadas cada um de seus sistemas, seja RGB, CYMK ou RYB. Cada um deste sistemas gera um círculo de cores; cada um com sua aplicabilidade específica.

Circulo de Pigmento.


As cores básicas tradicionais são o vermelho, amarelo e azul. Um círculo cromático baseado nessas cores primárias mostra ao artista quais matizes deveriam ser combinados para produzir outras cores. Note a limitação comum a todos os círculos cromáticos básicos: só os matizes puros aparecem - ou seja, só um nível de saturação e brilho - e oferecem-se só duas combinações primárias. É paleta de uso comum com materiais a base de água ou óleo opacos ( tintas guache, acrílicas e a óleo).







Círculo do Artista.


Neste círculo cromático existe o acréscimo da cor verde como o quarto tom primário junto ao amarelo, vermelho e azul. Criando assim um círculo cromático alternativo, que também é largamente utilizado pelos artistas. Embora o leque total de matizes produzidos não seja significativamente diferente, os pares complementares variam ligeiramente. Normalmente os pintores trabalha com uma paleta de cores com mais tons do que apenas as primárias. Esse círculo com o acréscimo de verde a sua paleta primária é de uso comum com materiais secos
( lápis de cor, giz de cera, giz pastel oleoso, giz pastel seco, etc.).







Círculo de Progresso

Baseado no sistema CYM, este círculo cromático progressivo tem cores misturadas de forma subtrativa como na impressão colorida utilizada comumente pelas gráficas. O artista decide a porcentagem de cada cor que deseja utilizar. Quanto menor a quantidade, mais clara será a cor. Quando colocada em porcentagens iguais, cria-se as secundárias. Ao diminuir a porcentagem de um dos tons, um dos matizes primários prevalecerá gerando uma terceira cor. Pigmentos cujo veículo é a base de água excessiva para gerar efeitos transparentes, em particular as aquarelas, usam esse círculo de cores.





Círculo de Luz

Este círculo parte dos princípios luminosos descrevidos por Newton. Este simples círculo cromático mostra como as luzes vermelha, verde e azul se combinam resultando nas secundárias ciano, magenta e amarelo. Os círculos cromáticos de software de computador, os princípios de formação da imagem dos televisores, máquinas fotográficas digitais e analógica, e todos os suportes de composição imagética com base luminosa, baseiam-se nesse círculo cromático visualmente simples porém completo nas suas possibilidades de varianções tonais das cores.








Fontes de pesquisa: O Guia Completo da Cor: livro essencial para a consciência das cores. Tom Fraser e Adam Banks, tradução de Renata Bottini. Editora SENAC São Paulo, 2007.








terça-feira, 20 de julho de 2010

Misturas e Círculos Cromático - parte I

Com base nas teorias das cores criadas ao longo dos anos, artistas e teóricos criaram círculos cromáticos a partir do modelo de Newton. Cada círculo tem sua aplicabilidade específica para determinado meio de comunicação. A miscigenação dos tons deram origem a gama de cores que conhecemos hoje.



Ao lado vemos o sistema de mistura aditiva (RGB) três esferas nas cores verde, vermelha e azul, na sua intersecção nasce os tons de amarelo, magenta e ciano; e na mistura dos três, no centro do conjunto, encontramos o branco. Esta é a forma gráfica para a teoria das cores de Newton.

Este sistema cromático é utilizado nos aparelhos eletrônicos cujo destino imagético é compor figuras com luz. Tvs, computadores, filmadoras, entre outros tem em sua constituição esse princípio colorístico.





Na seqüência, visualizamos o sistema de mistura subtrativa, conhecido como modelo CMY. o conjunto de três esferas nos tons de ciano, magenta e amarelo. A moderna impressão gráfica colorida usa essas cores primárias. E ao acrescentar o preto a sua paleta que na sobreposição dos tons simula o espectro de cores visível.

É padrão colorístco de impressoras dométicas e gráficas em geral. Algumas técnicas artísticas como aquarela, tem nessa estrutura o seu princípio cromático.





E a direita vemos o terceiro sistema de cor, o da mistura subtrativa RYB. Comumente utilizado na artes plásticas em geral; é a conhecidíssima paleta de vermelho, amarelo e azul como cores primárias, sua secundárias são o laranja, verde e roxo, e a soma das três tende ao tom de preto.

Pigmentos sólidos ou opacos são regidos por este princípio .Pode-se dizer que é quase - quase - oposto ao primeiro.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Escudo Manchado: um herói em tempo de guerra

Olá meus queridos, abaixo está uma entrevista do Jornalista Daslei Bandeira para o Blog dos Quadrinhos, do jornalista e professor universitário Paulo Ramos (um ctrl+c e ctrl+v básico).


O motivo pelo qual trago esta matéria, é o fato de que fui eu que ilustrei a capa do livro. Tomei como base a arte de John Cassaday. Espero que gostem!



Livro Mostra que Capitão América reproduz ideologia da Marvel


"O Escudo Manchado: um herói em tempo de guerra", livro lançado este mês, mostra que o Capitão América funciona como um porta-voz das opiniões da Marvel Comics, editora que publica o personagem.

Segundo o autor, o jornalista Daslei Bandeira, o papel que o herói exerce para a empresa de quadrinhos é o mesmo que um editorial tem nos jornais.

Parte dessa visão opinativa ficou bem evidente depois dos atentados de 11 de setembro, em que
aviões destruiram as torres gêmeas de Nova Iorque e parte do Pentágono norte-americano.

A revista mensal do herói ganhou um novo enfoque e ele passou a lutar contra o terrorismo. As histórias, escritas por John Ney Rieber e desenhadas por John Cassaday, já foram pulicadas no Brasil.

"Por estar ligado diretamente à nação americana, ele não tinha como fugir desse fato em suas histórias como foi no caso dos personagens da editora DC Comics, e [ a Marvel] teria que tratar do assunto de tal forma que agradasse o povo americano e ao mesmo tempo comercialmente bom para o mundo", diz Bandeira.


"O Escudo Manchado: um herói em tmpo de guerra" (Marca de Fantasia, R$ 13) é o resultado do projeto de conclusão de curso. O jornalista imaginava inicialmente abordar a influência dos eventos de 11 de setembro de 2001 nos cinemas.

Surgiu então a idéia de abordar o tema ajustando o foco no Caitão América. Hoje, Bandeira se diz fã do herói , criado em 1941 por Jack Kirby e Joe Simon para lutar na 2ª Guerra Mundial.

"Mas, de início, não era muito [fã], por causa do discurso politicamente correto que era traspassado nas histórias", diz o jornalista que esta com 29 anos. O interesse surgiu quando o personagem ficou mais questionador sobre o papel que exerce nos Estados Unidos."

Daslei Bandeira mora em João Pessoa, na Paraíba.E de lá ele respondeu algumas perguntas do Blog dos Quadrinhos, feitas por e-mail.

-Por que o título "escudo manchado"?


- Foi meio que por sorte. Eu tinha que entregar um esboço do projeto, que até então tinha o nome de "A influência dos atentados do 11 de setembro de 2001 no personagem do Capitão América" e fui reler s saga a saga de John Rieber e John Cassaday fizeram. Em uma página, tinha um quadro onde mostrava o escudo com um veio de sangue do próprio personagem ( que se tornou capa do livro, com a arte de Paloma Diniz). Vi aquilo como uma metáfora que resumia o sentimento dos Estados Unidos em relação ao acontecido, uma ferida aberta no sonho americano.


-Há uma hipótese que você defende na obra?


-Sim, o personagem se tornou em uma espécie de foco opinativo da própria editora Marvel, algo parecido com os editoriais dos jornais. As ações do Capitão América são baseadas nos ideais que a empresa acredita, mas, como ele é o produto de massa, tem que ser algo vendável, assim ficando preso na questão mercadológica. Não tendo como escapar disso, a própria editora mantém um bolsão cronológico que, a qualquer sinal de necessidade de uma opinião mais forte e partidária, o que potencailmente diminuiria a vendagem da(s) revista(s) em que este atua, o personagem é enviado para lá. Funciona como um bote salva-vidas, por isso sempre que a opinião é cobrada pelo público, algo do passado dele é recriado ou redescoberto. Como exemplo, posso citar a saga do "Soldado Infernal", que há pouco tempo foi lançado aqui no Brasil ( pela Panini), mas por la´foi durante a pior fase da invasão americana no Iraque."


- O enfoque está especificamente no Capitão América ou outros personagem são abordados?

- O enfoque é no personagem do Steve Rogers ( o auter-ego do herói). O livro tem um capítulo específico para outros personagens que chegaram a utilizar o nome do Capitão América, co m John Walker, que primeiramente se chamava Super Patriota, mas que ficou conhecido como Agente Americano.

- O personagem mudou desde 1941 pra cá. Primeiro era a 2ª Guerra. Neste século 21, esteve ligado ao combate ao terrorismo e aos eventos de 11 de setembro. Ele é uma espécie de reflexos de eventos históricos dos séculos 20 e 21?

- Ele é um personagem que passou não pelos principais eventos do mundo, mas pelos principais eventos que a nação americana esteve envolvida, que são os mais divulgados pela mídia. Por ser um personagem extenso, em questão temporal, a ser publicado mensalmente, sim ele é um reflexo como qualquer outro objeto da mídia de entretenimento pode ser. Um reflexo distorcido, mas real dos sentimentos de um povo.


- Onde entra a questão ideológica nas histórias do personagem?

-Ele deixou de segui o país, Estados Unidos, como era pregado em sua criação, e segue apenas o Sonho, como ele próprio chama. Esse "Sonho" nada mais é que a reformulação para a ideologia de Revolução Francesa, Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Ele deixou de ser apenas um soldado americano para ser um soldado do mundo. Os autores que trabalham e trabalharam com ele depois da década de oitenta, quando houve a tal reformulação, sempre tentam pregar esse discurso de desapego patriota e defesa do homem comum em suas histórias. Algumas vezes se torna enfadonho e até mesmo hipócrita, mas vejo-o como um discurso quase que religioso para o personagem, algo que só ele acredita e ninguém mais. Um discurso belo que os leitores deveriam aprender.

- Recentemente, a Marvel "matou" o personagem. Você vê relação entre a suposta morte e o que abordou em seu livro?


- Sim e não. Logo depois dos atentados o personagem se tornou mais questionador em relação ao Governo em si, por causa das ações deste em sua política externa. Como ele mesmo disse, no arco posterior aos atentados, os Estados Unidos têm sua parcela de culpa pelo sentimento que o resto do mundo nutri em relação a eles. As ações do personagem feitas na saga "Civil War" (ainda inédita no Brasil) podem ser vista como um resultado direto de como ele reagiu aos atentados. Mas sua morte não dá para ser interpretada como dessa forma, veremos isso quando/se ele ressuscitar.



Fonte: Blog dos Quadrinho, 25/05/2007.


















segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Romantismo Ingênuo de Sarah Kay

Em 1993, ganhamos,eu e minhas irmãs, de Tia Graziela (que mora no Rio de Janeiro) um calendário de bolso daquele ano. Ela enviou três: uma para Isaura, outro para Emmanuela e depois que elas se degladiaram pelo mais bonito, sobrou o meu. Não era o mais bonito, mas o desenho era impressionante para meus olhos que fitaram constantemente aquela pequena imagem de 8x5 centímetros daquele calendário que guardo comigo até hoje. A imagem do citado calendário é a mesma da que está exibida no lado esquerdo deste texto.
As figuras principais do tema é uma menina com um cesto de flores que observa o gatinho em cima da cerca; ambos estão coloridos e todo o cenário em traços sépia a valorizar a cena principal.
Olhei atentamente para imagem procurando a assinatura do autor e vi escrito com letras bem redondas e claras: Sarah Kay.
Gravei esse nome na mente e no coração.

Sarah Kay é uma desenhista autraliana que foi contratada por uma agência publicitária para criar uma série de 20 desenhos para ilustrar cartões de aniversário representando cenas do cotidiano com crianças e animais domésticos. Na primeira remessa, as ilustrações de Sarah Kay tiveram um sucesso inesperado e ela passou a desenvolver outros temas com a mesma linguagem para o público adolescente, e até adulto. Tão cativante, simples e rica das imagens que ela compõe, a retratar um universo romântico e ingênuo, uma infância cheia de alegria e ternura.

Sarah Kay, sem sair da sua pequena morada na Autrália, onde vive com seu filhos Adan e Allison, seus animais de estimação, tornou-se referência do universo lúdico infantil com seus desenhos no estilo country, em tons pastéis e ricamente detalhado. As imagens que criou sempre tem gesto e formas peculiares. As personagens sempre aparecem vestidas de forma descontarida, trajando roupas das décadas de 1930 a 1980, com peças jeans, vestidos floridos, estampas xadrez, laços, fitas, chapéus, botas, e tudo o que foi moda nesse período: até casacos de peles e colares de pérolas.

Suas imagens ganharam o mundo em calendários - como o que eu ganhei - em camisas, cartazes, papéis de embrulho, papéis de carta, porcelanas, capas de cadernos, álbuns, agendas. Ilustrou a minha infância e a de milhares de crianças de todo o mundo. E, com certezas, inpirou e influenciou muitos desenhistas.


Esta artista é uma das minhas fontes de inspiração. Toda vez que preciso compor algo lúdico, busco em Sarah Kay a leveza das belas imagens composta por esta desenhista tão famosa quanto recata.

sábado, 10 de abril de 2010

Meu Amor por Jaime Hernandez

* Texto originalmente publicado no site da Comic House. http://blig.ig.com.br/comichouse/category/sem-categoria/page/6/


Eu, adolescente e esquisita, como todo nerd, não gostava das frivolidades cotidianas femininas (unha, cabelo, novela…) e até hoje me preocupo muito pouco (e novela, eu não gosto mesmo!). Quando criança lia Homem-Aranha, X-Men, Vingadores; mas na adolescência, aos 13 anos, quando lia outros heróis com GEN 13, conheci Jaime e me apaixonei.
Ai, o amor… Passei a desprezar os outros ex-amores e não queria nem lembrar que eles existiram.
Tudo começou quando uma grande amiga minha, Jaciane, apresentou-me a ele. Em um belo encadernado, um formato especial e incomum da Editora Record (muito maior e mais bonito do que os então conhecidos formatinho e americano). O folheei de maneira respeitosa para não causar má impressão e conheci a belíssima arte de Jaime Hernandez na edição de nº 02 de Love and Rockets. Meus olhos deslizavam lento por entre os quadros para perceber bem sua hachura que, para mim, é requintada como a de Gustav Doré. Diferente, pois são estilos e linguagens distintas; e na ausência da hachura, vi o branco límpido em contraste com as outras formas firmes da sua composição ricamente expressiva. Onde todos os seus personagens são esteticamente diferentes para expressar e percebermos bem o psicológico de cada um; ao contrário de outros cujos corpos são moldes vazados repetidos onde só é diferente o corte de cabelo e a cor da roupa (e às vezes, nem isso).

Se o meu amor é cego, ótimo! Pois não perderá tempo, e não magoará o ser amado olhando o rebolado das outras, o decote das outras, a vulgaridade alheia; não será contaminado com o modismo temporal que sempre há nas artes, na sociedade. Eu olho para os outros com muito respeito, leio, os admiro pelas diversidade e variações da mesma arte; mas não traio, minto ou engano meu amor. Qual o porquê desse amor todo? É simples: sua riqueza nos detalhes aparentemente pequenos é a grandiosidade da sua arte. Linhas leves, formas firmes, e contrastes bruscos como uma arte barroca. Sempre releio a única edição que tenho dessa época, Locas 2, para aprender mais sobre desenho; que hoje não está mais solitária porque eu adquiri Whoa, Nellie! recentemente lançada pela Editora Zarabatana, onde sua arte está mais limpa, polida mas não menos rica. Perdoem-me os outros, mas para mim Jaime Hernandez é o melhor desenhista de histórias em quadrinhos do mundo.

Quem puder ler Mulheres Perdidas totalmente escrita e desenhada por ele saberá o que digo; sem coletes, decotes extravagante, poses de contorcionistas, fisioculturismo e outras bizarrices paranormais, como morrer e renascer umas vinte vezes. E com um detalhe: a arte de Jaime não possui o colorido chocante, berrante e computadorizado que, em alguns casos, é usado para prender a visão. Porque sua arte é um clássico e elegante, em preto e branco.

terça-feira, 16 de março de 2010

Curso Básico de Desenho - Parte I


Para desenhar com lápis de cor com a modalidade hachuriada ( linhas paralelas na diagonal), trabalhe através do desenho de observação de um objeto real ou figura escolhida por afinidade. Após selecionado o elemento a ser desenhado, retire da sua caixa de lápis de cor apenas três lápis de cor: o azul celeste, vermelho fogo e o amarelo ouro. Com o azul celeste você desenhará todo o objeto e preencherá com hachuria uniforme. Com o amarelo, você destacará o que representa o brilho do objeto e seus tons claros. Com o vermelho você destacará os tons escuros e gradações das sombras naturais e projetadas do objeto. Assim, você aprenderá a perceber com clareza a volumetria do objeto, o que é luz e sombra sobre o objeto. Os primeiros desenho você sentirá um pouco de dificuldade, mas com a prática você desenhvolverá belos desenhos apenas com essas três cores. Eu coloquei um desenho meu que ilustra essa fase. Quando você sentir-se seguro e a hachura fluir com leve do seu gesto, pode passar para a próxima etapa.

Curso Básico de Desenho Hachuriado - Parte II

Você desenhará o objeto ou imagen selecionada como na etapa anteriores e acrescentará a cor marrom para acentuar as sombras naturais e escurecer as sombras projetadas. Assim, a volumetria do desenho ficará mais nítida e as luzes; a definição da forma torna-se-á completa. Como na imagem ao lado.
Eu tenho um livro de técnica de desenho das antigas que chama-se Curso Básico de Desenho. Seus autores chamam-se Amadeu Sperânio e Rigoleto Mattei . Há um pequeno glossário de termos técnicos do desenho nele e a mais bela definição de sombra está nele. Eles dizem:"Sombrear é dar alma ao desenho".

A percepção real da forma dar-se através da sombra e a nitidez da luz em conseqüência. Quanto mais suaves forem as sombras maior é a variação tonal e mais difícil é sua representação. Tons bruscos de luz e sombra são mais fáceis de representar pois a definição dos tons é muito nítida.

Curso Básico de Desenho Hachuriado - Parte III



Quando você tiver o domínio total e claro da volumetria, você substituirá as cores primárias pelas cores que forem perceptíveis a visão; selecione a cor real da base do elemento a ser representado. Você aplicará a hacuria suave em toda a área do objeto como antes era feito com o azul. Você intensificará as camadas da hachuria para firmar a cor base do objeto; assim, as áreas com pouca hachuria representará o brilho e tons luminosos, e não precisará mais usar o amarelo para representá-lo. Use tons semelhantes mais escuros para representar as sombras naturais do objeto e não usarás mais o vermelho. E, dependendo da luminosidade, você escolherá tons de cinza, tons de marrom e o preto para fazer as sombras projetadas, dependendo da necessidade da representação visual almejada. E obterás imagens semelhantes a que ilustra essa etapa acima exibida.
Pratique! E faça belas imagens.